Olá Galera,
Esse artigo, que mostro abaixo, já tem uns anos que eu li pela primeira vez. Mas ele nunca tem sido tão atual quanto os dia de hoje.
Vale a Pena ler até o fim.

"Frankfurt, Alemanha,
quarta-feira, 17h06. Chego caminhando à estação de trem, onde pegaria a
composição para Koenigstein para reencontrar minha família após compromissos na
Feira Internacional do Livro. Ao pesquisar os horários de partidas, lá estava:
Koenigstein, 17h19, e outro meia hora depois.
Durante os 13 minutos que me
restavam, comprei sem enfrentar filas a versão germânica do nosso café e pão de
queijo: um suco gaseificado de maçã e um pretzel quentinho. Saboreei enquanto
assistia ao movimento da estação. Ao ver meu trem chegando, liguei para dizer
que chegaria em casa às 17h43.
Pontualmente às 17h19, vi a
paisagem começar a correr pela janela, inspirando-me a refletir sobre como a
típica precisão alemã criara um momento agradável em meio a um intenso dia de
trabalho.
Se não soubesse o horário do
trem, ficaria aguardando ansiosamente na plataforma. Certamente, aquele
vendedor de pretzels vende mais do que os quiosques de pão de queijo
brasileiros, pois a previsibilidade na partida dos trens diminui a ansiedade
das pessoas e evita a aglomeração nas plataformas. Mais vendas significa mais
dinheiro circulando, mais prosperidade na economia.
A previsibilidade pesa no bolso
do trabalhador alemão, que tem mais tempo para consumir? Não, pois ele também
usa o tempo livre para produzir mais, seja trabalhando ou estudando. Contando
com transporte público eficiente perto de casa, os alemães podem dispor de mais
tempo com a família, ter hábitos mais saudáveis e viver uma vida mais
previsível. Resultado: menos estresse, menos ansiedade e menos problemas de saúde.
Provavelmente, seus gastos com eventuais quitutes ou revistas enquanto aguardam
o trem não pesam no bolso, pois em países como o Brasil esse dinheiro também é
gasto, só que com tratamentos de saúde.
Se para ir aos meus compromissos
aqui no Brasil pudesse contar com horários precisos de saída do transporte,
certamente diminuiria os intervalos que faço para compensar problemas de
tráfego e tempo de espera. Produziria mais, ganharia mais e também consumiria
mais. Meus clientes sabem por que praticamente aboli reuniões em minha agenda.
Em São Paulo, para fazer uma reunião de uma hora a 10 KM de meu escritório,
gasto cerca de três horas do meu dia, contando o deslocamento de ida e volta.
Não funciona.
Está aí um aspecto do “custo
Brasil” que vai além da óbvia carga tributária, do custo da burocracia, da cara
infraestrutura e do custo dos serviços de fura-fila como despachantes e entregas
expressas.
Com uma infraestrutura
subdimensionada, o trabalhador sai de casa mais cedo, volta mais tarde,
descansa menos, produz menos, é mais ansioso, adoece mais e consome menos.
Nossa infraestrutura é cara por falta de planejamento, que, por sua vez,
decorre de falhas na educação. A educação ineficiente cria um contingente de
profissionais subcapacitados que exercem funções que pouco agregam em
produtividade e muito pesam no custo.
Ascensoristas, despachantes e
motoboys são exemplos de funções perfeitamente dispensáveis em países que
contam com elevadores seguros, burocracias adequadamente dimensionadas e
trânsito fluido.
O sindicalismo exacerbado, que
briga para preservar profissões ultrapassadas, é outro componente de custo. O
salário do frentista pesa no preço do combustível, mas existe mesmo que até uma
criança seja capaz de abastecer com uma bomba automática. Contamos com
cancelas automáticas que reduziriam o custo de estacionamentos, não fosse a
imposição de ter funcionários para colocar o tíquete na máquina por nós. Ao
mesmo tempo, faltam técnicos competentes para fazer máquinas que não falham.
Educação limitada sai caro,
prejudica nossa capacidade de planejar e torna o Brasil menos competitivo.
Precisamos de menos chefes e mais
engenheiros e administradores competentes. Precisamos aprender a planejar, o
que nunca soubemos fazer. À nossa nação não falta dinheiro. Falta apenas
saber empregá-lo melhor.